Atualmente, a depressão se refere a um quadro geral composto por diversas formas de manifestação da doença. Ela é caracterizada por alterações no humor, cuja ocorrência se dá por diferentes causas. Dentre seus principais sintomas, estão a tristeza, a sensação de vazio, a apatia, a falta de energia e, eventualmente, a irritabilidade.
Nos últimos anos, os números de diagnóstico da depressão vêm aumentando significativamente e alertando as autoridades de saúde por todo o globo, já que se estima que até 2030 ela será a doença mais comum no mundo. Hoje em dia, ela é apontada como a maior causa de incapacitação das pessoas, contribuindo para o prejuízo nas relações de trabalho, da convivência familiar e afetiva, além de ser um fator que favorece o desenvolvimento de outras patologias. Em casos mais graves, pode estar também associada ao suicídio.
Os motivos que levam as pessoas a desenvolverem um quadro de depressão são diversos e envolvem três níveis: o biológico, o psíquico e o social. Dentre algumas de suas causas, destacam-se: o histórico da dinâmica familiar, as perdas pessoais e, até mesmo, o uso de substâncias psicoativas. Cada caso de depressão, em particular, constitui o quadro dentro de uma especificidade própria da vida da pessoa. É justamente por isso que os tratamentos precisam ser singulares embora as medicações psiquiátricas possam ser um forte aliado no tratamento para se estabelecer e evoluir.
Pesquisas mostram que o tratamento da depressão pela via exclusiva do uso da medicação não tem grande eficácia. É importante que a pessoa combine ao tratamento psiquiátrico o trabalho psicológico, para que, com isso, possa tratar não apenas o nível biológico, mas também os fatores emocionais e as relações sociais que causam a condição depressiva.
Uma das formas significativas de se perceber a depressão é que ela não funciona como uma modalidade de infecção bacteriana, por exemplo. Nesse caso, se um sujeito contrai uma bactéria, ele tomará um antibiótico, que irá matar o agente que causa a infecção e, ficará, portanto, curado. No caso da depressão, o que o remédio antidepressivo mata? Ele não tem esse poder.
Assim sendo, a medicação psiquiátrica dá suporte ao organismo, a fim de que ele alivie os sintomas sentidos no nível corporal, mas sem agir em fatores de outra ordem, que também são causas centrais da depressão. Com o passar do tempo, dependendo do tipo de remédio antidepressivo, isso pode contribuir para que se estabeleça uma dependência da medicação. No caso de fármacos que compõem a classe daqueles que não causam vício, desvincular-se deles nem sempre é algo simples. Mas isso está muito mais associado aos seus efeitos colaterais do processo de desmame ou ao medo de os sintomas da depressão aparecerem novamente.
A partir do momento em que se compreende que a depressão não é de uma ordem similar à infecção, torna-se possível tratar outras de suas causas, também, muito reais. Elas estão localizadas, principalmente, nas dinâmicas de relacionamento, no histórico de perdas da pessoa e nos seus mecanismos utilizados para superar as dores. Normalmente, esses meios que exigem muito do depressivo e acabam por colocá-lo em um lugar similar à uma prisão. Com isso, tanto ele quanto aqueles que o amam experimentam um intenso sofrimento.
Uma das formas como a pessoa depressiva pode ser percebida pelos outros é como alguém frágil, indisposto. A verdade é que o quadro depressivo se refere ao oposto total. Aquele que desenvolve a depressão costuma ser alguém que se esforça muito. Pode ser quem procura, constantemente, fazer muita força para se adaptar. E esse é um dos mecanismos que a doença utiliza para se estabelecer e evoluir.
Antes de se diagnosticar com algum quadro de depressão, consulte um profissional.
Fontes:
BBC News. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2009/09/090902_depressao_oms_cq
DSM-V: Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. Artmed, 2014.
DUNKER, Christian. Qual a relação da depressão com a modernidade? Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=yDYOKmgIEH8
JERUSALISNKY, Julieta. Melancolia na infância. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tEXNCygMsRQ
OMS: Organização Mundial da Saúde. Folha Informativa – Depressão. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5635:folha-informativa-depressao&Itemid=1095